Rasgado (Torn)

“Rasgado” acontece numa antiga fábrica bem preservada, repleta de maquinaria impressionante. O filme apresenta uma forma alternativa de documentar uma expedição em locais que apenas preservam as memórias de atividades humanas, misturando o conceito de documentário com narrativa.

O filme constrói-se a partir de vestígios, num lugar marcado por vidas passadas, onde o que existiu já não se vê, apenas se pressente e se imagina.

Tal como nas expedições a locais abandonados, a rodagem assumiu o seu carácter clandestino, representando uma tensão permanente. A ideia de documentar o abandono e de captar os espaços exatamente como foram encontrados aproxima este filme ao documentário, servindo como referência metodológica.

O trabalho com crianças revelou-se outro eixo fundamental do processo, implicando deslocações meticulosamente planeadas, deixando pouca margem para o imprevisto. Essa aproximação permitiu que a ação fluísse com naturalidade.

A opção por usar exclusivamente luz natural tornou indispensável o conhecimento rigoroso do espaço e como a luz o atravessa ao longo do dia. Mais do que um recurso técnico, a luz assume também um papel narrativo.

Rasgado (Torn) 2016